Bem Vindo

Neste blog procuramos expor algumas idéias que temos formado durante a nossa vivência como cidadão e arquiteto.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pensamentos de um Arquiteto

Este é um escrito feito no ano de 1992, para extravasar pensamentos e vontades interna.


Às vezes me vejo pensando sobre a genialidade de Leonardo Da Vinci, um simples ser humano com pensamentos alguns séculos a frente de seu tempo com uma ânsia incontrolável do conhecimento global sobre todas as coisas: Engenharia, Pintura, Invenções, Desenhos, Medicina e outros tantos temas que o impressionavam e o apaixonavam. Dando‑lhe vontade única de conhecimento, alcan­çando os limites do sonho futurista.
É um original único da espécie humana, um Fernão Capelo Gaivota buscando a perfeição ilimitada do vôo mais perfeito e mais alto existente no conhecimento humano.
Esta ânsia de aperfeiçoamento me vem sempre à cabeça quando tento esboçar alguma idéia de Projeto de Arquitetura, não busca raízes, paixões, filo­sofia ou princípios, busco sim tentativas em captar as aspirações que meu Cliente procura transmitir com suas palavras, referências, revistas, esboços, convivência e um cem números de idéias, ou seja, busco solucionar o Problema (sonho) de meu Cliente de maneira que ele não se sinta violentado por uma teoria maluca que me venha à cabeça, onde só eu exergo essa minha verdade.
O Cliente é o co‑autor de um Projeto de Arquitetura, no qual procu­ra me transferir sua essência básica, dentro dela busco através de uma Arquitetura Racional e Limitadora, criar algo de original, sonhador que transmita confiança ao meu Cliente de um trabalho feito com profissionalismo, ou seja, atingir o equilíbrio entre forma‑função que nós juntos procuramos alcançar o Objetivo comum desejado.
Certos companheiros do dia a dia me perguntam como eu pesquiso o Programa de Necessidades de um Projeto de Arquitetura, sempre respondo que certos tipos de Arquitetura na qual eu mais pratico, bastam poucas palavras. Em prédios de apartamentos o Cliente às vezes menciona simplesmente as palavras "Dois Quartos" para o terreno localizado em um Bairro da Cidade. Estas pala­vras transmitem toda a filosofia a ser adotado no Projeto de Arquitetura, como o mínimo de áreas perdidas em circulações, áreas comuns, facilidade no lançamento estrutural, pouca área de subsolo destinada às garagens, ocupar o Térreo com as mesmas num percentual de no máximo 60% deixando o restante para um pequeno salão de festas e recreação. Eu sempre digo que o Cliente empreendedor de Habitações Coletivas quer o "3B”, bom, bonito e barato. A conclusão é que poucas palavras transmitem o restante do programa que naturalmente vêem a minha cabeça.
Quando o Projeto é um assunto que pouco sei, busco visitar constru­ções similares, inclusive viagens de pesquisas, as quais me transmitem diante do meu sentido de observação e proporção o funcionamento, falhas que aos poucos vão me dando confiança e conhecimento sobre o assunto, é algo apaixonante enveredar pelos caminhos desconhecidos como fluxogramas, administração, marketing, merchandising e outros campos que nos aguçam o sentido do programa que o Cliente quer nos transmitir.
A noção de proporção eu tenho na minha pessoa como escala humana de medidas e referências, utilizo, o passo, o palmo e o sentimento das dimensões, imaginar o que é 2m e não 3m.
Às vezes já saio dessas visitas e conversas com a idéia preconcebida na cabeça bastando expor em rabiscos à mão livre no papel o mais rapidamente possível. Nessas visitas faço algumas anotações em minha agenda como referências de funcionamento e medidas do Programa.
A bibliografia brasileira sobre Projetos e Pesquisas em Arquitetura são muito rara, pois, editora que se presa, não irá atender uma classe de profissionais que pouco compram e lêem. Meu vendedor de livros é de Brasília, vem sempre me procurar mostrando novos lançamentos que acontecem no exterior, escritos em castelhano. Certa vez ele me disse que tem mais de quinze anos que ele me vende livros e que eu sou praticamente um solitário nesta compra de livros em Goiânia. Convenhamos esses livros extrapolam às vezes a casa de U$100 (cem dólares) e logicamente são poucos os que possuem condições financeiras de adquiri-los, já que os valores de honorários recebidos pela classe de arquite­tos estão cada vez mais irrisório oxalá dêem para sobreviver. Os profissionais precisão ter mais auto-estima.
O hábito de ler é algo que vem do costume, disciplina e vontade em apreender os sentidos de uma obra de Arquitetura de outros Arquitetos, nos quais me vejo pequenino no meu parco conhecimento, para poder tentar conceber alguns dos projetos que vejo em certos livros, a essência que a mim é transmitida é indescritível, seria como ouvir e sentir a música divina de um Bach, Mozart ou Beethoven os quais considero os especiais da música clássica.
Gosto de ver as obras de Frank Lloyd Wright, a casa da cascata, a ceras Johnson e residências maravilhosas; temos Kenzo Tange, que cria projetos com a essência da cultura japonesa, quando vemos um projeto seu, sentimos que o mesmo é oriental, mas, atual. A brancura dos projetos de Richard Meyer; a Arquitetura objeto de Frank Gehry (museu Guggenheim de Bilbao), Paul Rudolph, os cinco arquitetos de Nova York, Peter Eisenman, Michel Graves, na minha época de estudante admirava as casas projetadas pelo paulista Eduardo Longo e as casas praças de Rui Othake; a sofisticação formal de Oscar Niemayer, a simetria de Le Corbusier, e tanto outros que me faziam sonhar, em ser alguém.
Existem pessoas que me vêem com a pergunta costumeira, como alcancei o estágio que estou no conhecimento de Arquitetura e de reconhecimento por parte dos Clientes que sempre tivemos. A resposta é simples, o Cliente quer saber o mais rapidamente possível sobra à concepção de seu Projeto, é neste ponto que eu procuro a rapidez e presteza nas aspirações do Cliente. E corrente na boca do povo que Arquiteto é enrolado, demora no estudo preliminar e na apresentação do mesmo ao seu Cliente e um sonhador que não sabe os custos de uma obra, desmarca no maior cinismo, através de secretária, compromissos assumidos junto ao Cliente.
Cito sempre, que quer, vai atrás, quem não quer, fica para traz, esta é minha filosofia.
Gostaria de falar que, qualquer Projeto transmite numa simples olhada as suas pretensões de custo a ser alcançado. Como sabemos a figura geométrica de menor perímetro é o Círculo (no plano), portanto toda figura que se aproxima do círculo tem um menor perímetro, portanto, em Projetos de Arquitetura aplicamos a mesma definição. Vejamos um banheiro de 4m por 1m tem um perímetro de 10m lineares que multiplicado por um pé‑direito de 3m teremos, portanto um consumo de 30m2 de cerâmicas ou azulejos. Esse mesmo banheiro que possui 4m2 de área de piso tivesse as medidas de 2m por 2m, teríamos um perímetro de 8m lineares que multiplicado pelos mesmos 3m de pé‑direito, nos dá um consumo de 24m2 de cerâmicas ou azulejos, logicamente terá um custo menor por consumir um número menor de material. Esta teoria podemos aplicar às Plantas Baixas e Fachadas, ou seja, as formas geométricas definem o custo de uma obra independentemente da escolha do material, porque o material a ser utilizado poderá ser o mesmo qualquer que seja o aspecto formal do Partido adotado. É claro que um projeto não depende só deste fator, mas de muitas outras variáveis. Apenas fizemos um exercício de raciocínio para que haja uma compreensão de custos de uma Obra.
O arquiteto pelo aspecto que ele vive durante a sua formação acadêmica, de esconder suas idéias que, determinará as linhas básicas de um projeto, dos colegas de classe, com medo de ser grupiado, tornando um individualista nas suas concepções, como conseqüência, somos uma das classes de profissionais liberal mais desunida dentre as demais.
Eu sempre falo que o Arquiteto possui a língua do tamanho da régua "T" que ele carrega, por não saber respeitar o trabalho de outrem. Criticar é mais fácil do que mostrar serviço, a inveja é uma questão minúscula na cabeça de certos "Arquitetos", que preocupam com o sucesso dos outros ao invés de buscar em se aprimorar e ser alguém a mais nos seus anseios profissionais.
Muito raramente sou procurado por algum colega de profissão para discutirmos idéias, trocar informações, somando uma evolução conjunta e contí­nua.
Estamos num limiar de uma nova era na Arquitetura com a utilização da computação gráfica (CAD‑Computer Aided Design, ou desenho auxiliado por computador).
O sistema chamado AUTOCAD de software é hoje o mais utilizado no mundo todo, num futuro teremos escritórios sedes com filiais nos diversos cantos do mundo, os quais receberão através de linha telefônica (modem) os Projetos prontos para serem utilizados na máquina de desenho à tinta, chamada Plotter e entregues aos Clientes sem a necessidade de um estafeta para tal fim.
Os americanos já estão abrindo filiais de seus escritórios em São Paulo, buscando estruturar equipe, visando à facilidade de comunicação hoje existente no mundo e ampliando logicamente seu mercado de trabalho.
A quantidade de software disponível para ajudar numa concepção arquitetônica é ilimitada e numa constante atualização e redução de custos, basta ver as vinhetas produzidas pela Rede Globo de Televisão e os anúncios de jornais hoje produzidos em estações gráficas das Agências de Propaganda.
 
Minha premissa é de que ninguém deve se sentir diminuído em buscar aprender alguma coisa nova, por mais auto-suficiente que se sinta, aprender é a essência do desenvolvimento do cérebro, que necessita de novidades para estar sempre em estado de excitação.
Todos somos iguais na profissão, mas, alguns se saem melhor por buscarem dentro de si uma ânsia que os alavanca na busca de conhecimento e sabedoria, não só na profissão mais no sentido de encarar a vida.