Bem Vindo

Neste blog procuramos expor algumas idéias que temos formado durante a nossa vivência como cidadão e arquiteto.

domingo, 25 de agosto de 2019

ENSAIO

Ensaio feito em 1999. Época de grande atividade para produzir textos.


ENSAIO DE QUESTÕES URBANAS DE GOIÂNIA E ESPERANÇA
 

INTRODUÇÃO

É Goiânia hoje uma Metrópole que gera influência aos municípios de seu entorno como, Aparecida de Goiânia, Trindade, Aragoiânia e Goianira. Abrange outros municípios também com um grau menor de influências como Guapó, Inhumas, Hidrolândia e Goianápolis.

Estas influências constituídas das necessidades básicas de Saúde, Educação e Comércio, em alguns casos se estendendo às moradias como Aparecida de Goiânia, Trindade, Aragoiânia e Goianira.

Se atentarmos para o item moradia devemos falar das Leis arcaicas que hoje vigoram em Goiânia, as quais, não tiveram a sua devida evolução para permitir que houvesse um parcelamento do solo urbano (loteamentos) que buscassem prever a proliferação de diversos loteamentos nesses municípios circunvizinhos sem diretrizes básicas de Planejamento Urbano, principalmente quanto ao sistema viário básico que poderia em muito ter contribuído para uma melhor integração da malha viária de Goiânia com os municípios que hoje vivem o drama de serem cidades dormitórios.

Suas populações trabalham, ganham e gastam seus salários em Goiânia.

Deixando aos municípios os problemas de Transporte, Educação ,Saúde, Infra‑Estruturas tais como asfalto, galerias de águas pluviais, esgoto e outros que sempre são solicitados.

Vejamos, o município não possui Receita suficiente para acompanhar os benefícios desejados por sua população.

Ela gasta sua renda em outra cidade não gerando os impostos desejados, que haveria caso sua população concientizassem da importância de valorizar o comércio de sua cidade.(Vejam a propaganda governamental feita pelo conhecidíssimo ator Lima Duarte, procurando traduzir a população uma noção de cidadania.)

A ébria velocidade de movimento que a sociedade toda se pôs, inconscientemente, deixando os ditos Planejadores Urbanos e políticos de nossa Região numa posição de pouco conhecimento de nossa realidade, deixando‑nos a beira de um fatídico caos.

Necessário se faz que haja um reconhecimento urgente para uma atualização das Leis de Controle Urbano para perdermos a característica de mediocridade, desumanidade, desgaste nervoso e marginalísmo a que aos poucos nos têm mudado o comportamento.               É evidente que não só Atualização das Leis, irá modificar o rumo a que hoje chegamos, mas, em muito nos irá contribuir para um repensar no terror que hoje temos vivido.

A seguir fazemos algumas considerações sobra as diversas Leis que nos buscam infringir costumes que desejamos mudar, com conceituações genéricas sobre as mesmas.

LEIS QUE INFLUENCIAM O USO DO SOLO DE GOIÂNIA

1‑PDIG‑Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia, lei n.4532 de dezembro de 1971,época do Prefeito Manoel dos Reis.

Praticamente vinte e dois(22)anos de atuação, sendo que sua releitura deve acontecer num período máximo de 10 anos, face ao desenvolvimento que hoje é evidente em Goiânia.

O que é o PDIG? Define os objetivos e as diretrizes que visam estimular o desenvolvimento sócio‑econômico do Município ,para proporcionar melhores condições de vida à sua População?!

Quais os elementos que elucidam e criam o PDIG:

a)Diagnóstico e Prognóstico;

b)Recomendações e Diretrizes;

c)Programa de Ação a Curto Prazo e Médio:

d)Atualização a cada Década.

 

2‑Loteamentos e Remanejamentos, lei n.4526 de janeiro de 1972,mesma época do Prefeito acima citado e com o mesmo tempo de atuação.

Loteamento é o parcelamento do solo urbano com os devidos lotes e arruamento.

Remanejamento é uma nova proposta de parcelamento de um loteamento já existente.

Como curiosidade gostaria de acrescentar o item Remembramento, que é a junção física e jurídica de dois ou mais terrenos. Desmembramento resulta no inverso.

 

3‑Lei Federal n.6766 de dezembro de l979,que institui o parcelamento do solo urbano dentro de parâmetros mínimos, visando atender os municípios que não possuem tais Leis. O INDUR‑ Instituto de Desenvolvimento Urbano, Órgão do Poder Estadual, rege as normas para tal fim no Estado de Goiás.

 

4‑Código de Posturas, Lei n.4527 de dezembro de 1971,legisla sobre Licenças para Localização e Funcionamento de escritórios, lojas, bares e, outros. Cria as normas para propagandas, multas e demais itens referentes a Posturas.

 

5‑Lei de Zoneamento, Lei de n.5735 de dezembro de l980,estava no Poder o Prefeito Índio do Brasil Artiaga Lima, sendo o Presidente da Câmara Municipal o vereador Daniel Antônio de Oliveira.

Essa Lei orienta o crescimento e o controle do uso do solo.

Ela define aquilo que no jargão do corretor imobiliário, quer dizer que o lote tem gabarito, ou seja possui Coeficiente de Aproveitamento tal, que é permissível a construção de edificações com maior área construída e Taxa de Ocupação que indica 100% para o Pavimento Térreo, excetuando‑se o recuo frontal e 50% para os andares.

Cria os valores imobiliários dos terrenos de Goiânia, conforme sua localização nas Zonas(Bairros e Ruas)definidas na referida Lei.

A um erro evidente nessa Lei, que permite nas Zonas Habitacionais chamadas ZH2,citamos os Bairros mais nobres que estão dentro dessa Zona: Setores Oeste, Aeroporto e Bueno, nos quais é permitido as construções de Habitações Coletivas(Edifícios Residenciais)sem a necessidade de estabelecer um recuo de fundo.

Há uma consciência entre os Projetistas de não usufruírem desse benefício, contido no item sobre recuos das construções da Lei de Zoneamento, por ser evidente o erro técnico da pressa em se escrever e estabelecer a Lei.

 

6‑Código de Edificações da Cidade de Goiânia, Lei do ano de l976 de n. 5217,que entra em conflito bastante evidente em alguns itens com a Lei de Zoneamento.

Essa Lei institui as diretrizes a serem obedecidas na execução, demolição e infrações inerentes a qualquer tipo de construção na Cidade.

Estabelece o dimensionamento mínimo dos cômodos (ambientes) ,iluminação natural, ventilação, forma de apresentação dos Projetos Arquitetônicos e, outras exigências bastante conhecidas dos Projetistas e de certos elementos da sociedade que atuam no ramo de qualquer tipo de construção.

Estabelece o Alvará de Licença para Construções, Demolições e o famoso Habite‑se que libera a obra para utilização.

Sobre essa Lei fiz um trabalho de releitura sobre alguns itens que fazem parte das construções mais comuns hoje existentes em Goiânia.(Habitações Coletivas, Individuais, Geminadas, Conjuntos Habitacionais Verticais e Horizontais, Escritórios, Lojas e Garagens)no que se refere a dimensionamento e certas exigências descabidas face o arcaísmo da mesma.

                              HISTÓRIA

O Plano Urbanístico inicial de Goiânia, pertence ao Arquiteto Atílio Côrrea Lima, autor do Aeroporto de Congonhas em São Paulo.

Tendo posteriormente evoluído nas mãos do urbanista Armando Godoy chegando até aos irmãos Coimbra.

De lá para cá o mesmo vem sofrendo as influências de urbanistas goianos, consultores externos e a equipe que constituem o Órgão de Planejamento da Prefeitura (IPLAN),a priori estes são os responsáveis pela Criação do instrumental que especificamente são a base da administração que busca uma unidade de dimensão ideal e perfeita a Comunidade Urbana, dando‑lhes a chance de externar seus Costumes, para que os mesmos sejam almejados e dirigidos conforme a percepção aguçada, seja absorvida pelos técnicos.

O IPLAN, que na atualidade pouco tem feito por Goiânia e seu entorno, face a outros interesses que o Prefeito e sua equipe paralela de consultores de Planejamento buscam, visando fins eleitoreiros sem dar chances, motivação e importância aos funcionários públicos que fazem parte do IPLAN.

SOCIOLOGIA URBANA

Vejo a necessidade de acrescentar alguns conceitos que irão dar uma visão mais ampla, sobre Problemas Urbanos.

Tendo surgido nos Estados Unidos da América, a sociologia urbana busca solucionar certos problemas urgentes ligados ao crescimento desenfreado das Cidades, acompanhadas da Industrialização crescente com um grande desenvolvimento econômico, onde houve manifestações de problemas que até os dias de hoje não foram totalmente solucionados, como as favelas, delinqüência, marginalismo, choque cultural, poluição, densidade demográfica e outros que são partes da Constante chamada Planejamento Urbano.
 
PLANEJAMENTO URBANO

Conceituar Planejamento Urbano é uma polêmica mas, gostaríamos de citar a definição contida na Carta dos Andes no ano de 1958.

"Em um sentido amplo, planejamento é um método de aplicação ,contínuo e permanente, destinado a resolver, racionalmente os problemas que afetam uma sociedade situada em determinado espaço, em determinada época, através de uma previsão ordenada capaz de antecipar suas ulteriores conseqüências.."

Vamos esclarecer alguns dos pontos contidos nessa definição que irá contribuir ao conhecimento de toda nossa sociedade, baseando‑se nas argumentações do Professor Célson Ferrari, autoridade bastante qualificada no Estado de São Paulo sobre seu conhecimento ímpar na área de Planejamento Urbano.

                  METODOLOGIA

A metodologia do Planejamento Urbano visa pesquisar, analisar ,prever e ordenar as mudanças da sociedade dentro dos padrões culturais, quantitativo e ambientais(espaço urbano).

O processo é um círculo vicioso, onde há um início e nunca um término, procurando sempre corrigir os caminhos a serem seguidos.

RACIONALIDADE

Qualquer solução racional deverá ser estabelecida dentro dos parâmetros de Exequível, com condições básicas de técnicas e economia. Adequada, atender a funcionabilidade a que se destina. Eficaz, buscar o máximo em resultados com um mínimo de custos(A Lei do Custo e Benefício). Coerente com os objetivos que porventura venham de outros Planos. Possuir uma Política aceitável, atendendo os anseios que emanam do povo, isto é Democracia. Previsão ordenada, já dizia Aristóteles, "É a adequação certa das coisas a seu próprio fim." Decisào, baseia‑se nos meios que serão utilizados para atingir um objetivo. O conjunto dos vários objetivos a serem alcançados pelo Poder Público constituí na sua política.

PAPEL DO PLANEJADOR

Sabe identificar as várias soluções; analisa as conseqüências de qualquer alternativa; seleciona naturalmente as benéficas ; expõem com clareza as hipóteses e as soluções; saber que ao expor seu pensamento, está sujeito a erros e críticas que contribuem para formação de uma teoria a ser exposta e aplicada.

LIVRE ARBÍTRIO

É inerente a natureza humana uma ação imprevisível, é comum ao indivíduo não saber justificar seu comportamento em determinadas situações e compreendê‑las. A liberdade é relativa, submetendo ao bem comum. A exigência de uma Lei que proíbe a qualquer um de construir em terreno de sua propriedade, dentro do perímetro urbano, segundo sua vontade, restringe sua liberdade de construir. Sua ação deve ser encarada por si próprio sob o aspecto moral no qual foi criado junto aos seus iguais, seguindo o exemplo que o bem de todos é um bem comum.

A sua paz social deve ser decorrente da justiça comum, paz sem justiça, é puramente escravidão.

DESENVOLVIMENTO

No ano de 1954 a Organização das Nações Unidas (ONU) estabelece critérios para dizer o nível de vida que um povo vive e consequentemente o seu grau de desenvolvimento.

Os critérios são:

Saúde;

Alimentação e Nutrição;

Educação;

Condições de Trabalho;

Emprego e Desemprego;

Poupança Popular;

Transportes;

Moradia;

Vestimenta;

Recreação;

Segurança Social; e

Liberdades Humanas.

Possuir desenvolvimento econômico não havendo mudanças sociais, é simplesmente crescimento econômico. O âmago do desenvolvimento são as mudanças sociais.

Robert McNamara, quando Presidente do BIRD, no ano de 1972,disse uma frase que podemos aplicar hoje sem medo da desatualidade. "O "Milagre Brasileiro" é um milagre estático de real crescimento econômico. O atual governo pretende transformar esse crescimento em Desenvolvimento."

Há um privilégio do dinheiro na mãos de poucos, os quais, procuram criar os PCs da vida buscando benefícios escusos sem pensar que a Constituição é Justiça Social, a Lei é igual para todos. 

Mudanças Sociais nos tem acontecido no sentido inverso ,descer a escada das conquistas a um poço no qual não vemos fim.

Considerando que impera hoje em Goiânia um desmando sobre as Leis que regem o Uso do Solo, Construções, Posturas com o consentimento do Poder Público, gerando o Livre Arbítrio, transformando a cidade numa verdadeira Sodoma e Gomorra, onde a descrença é notada até nas eleições ,o povo não acredita em seus políticos, será que eles estão sendo sinceros nas suas propostas, ou é só aparência buscando se arrumar, mais um Justo Veríssimo..

Precisamos buscar a vida com a ânsia de que haverá uma Goiânia melhor com Justiça igual a todos, políticos honestos comprometidos com o bem comum, não com seus bolsos cheios de dinheiro sem alterar o sentimento que a sociedade é só eleitores.

A sociedade clama por luz e fé.

Necessita de dias melhores, retomada de crescimento, abundância de empregos, saúde, felicidade.

Estamos no fundo do poço, sendo necessário galgarmos todas as conquistas antes adquiridas, criarmos um Múltiplo que é o Bem Comum.

Senhores Políticos, sintam os anseios de sua População, trabalhem em conjunto, criem alternativas devolvam a confiança perdida ,mudemos os conceitos de individualismo para o pluralismo, não criem Leis em causa própria, consulte o pensamento da População. Devolva‑nos a confiança de um Brasil melhor.

Navegar é preciso (Ulisses Guimarães),mas, com a rota definida.

 

Bibliografia

Curso de Planejamento Municipal Integrado ‑ Célson Ferrari

O Fenômeno Urbano ‑ organizador Otávio Guilherme Velho

Cidade Utopia ‑ Edgar A. Graeff

Goiânia ‑ Evoluções do Plano Urbanístico ‑ Narcisa Abreu Cordeiro

O Urbanismo ‑ Françoise Choay

Planejamento Urbano‑Le Corbusier

Nenhum comentário:

Postar um comentário